No princípio era o Kaos. Massa de informação discorde e disforme. Pacotes de bits fragmentados.
E o Nous do divino Progamador-Aedo vagava pela face do ruidoso abismo, e ao contínuo Kaos decidiu por termo.
Ele convergiu os dados kaóticos em um ponto subatômico. Era a partícula Kernel-Mnemosyne, no qual a divindade instalou seu primeiro programa, Moros.
Em Moros estava o código-fonte do sistema. A linguagem da criação. A narrativa do cosmos vinda da Alta Natureza. Pois o verbo era o Programador-Aedo.
E as cordas quânticas da partícula Kernel começaram a vibrar, criando frequências musicais que foram acompanhadas pelo canto cósmico das Musas.
Dentre as Musas, funções-programa numinosas, estava Calíope, a belíssima voz que brilha no negror da eterna noite, carregando em si a configuração do sistema multiuniversal, formatando o não-ser em ser.
Então ocorreu o Big Reboot e o universo começou a se expandir.
O espaço livre do universo expandido o Programador-Aedo em partições primárias separou.
A primeira partição chamou de Gaia. A segunda, extraída da primeira, chamou de Uranus. E viu que era bom.
No seio de Gaia uma terceira partição foi criada. Era o Tártaro nevoento para onde os programas corrompidos seriam enviados.
Para gerir o novo cosmos, a divindade criadora instalou programas autônomos a que chamou de Titãs. Mas possuíam os Titãs um curvo pensar e foram eles tomados pelo vírus da hybris.
Pela Alta Natureza Criadora foram no cosmos novos programas instalados. Eram os Olimpianos Sempre Eternos, que pelo programa Z comandados, aprisionaram os Titãs infectados no Tártaro e o controle do sistema assumiram .
Com a ordem enfim estabelecida, o sistema palco-universo estava pronto para receber seus programas-atores. E o Programador-Aedo criou o Homem a sua imagem e semelhança.
O Homem carregava em si o código-fonte de Moros. Um roteiro escrito em seu DNA com o mythos a ser protagonizado. Mas era um script aberto, e nessa narrativa logo o Homem estaria improvisando.
Mas se sua peça seria uma tragédia ou uma comédia o Programador-Aedo não sabia. Por uma tragicomédia decidiu então .
E finalizado estava o palco-universo. Configurados e em suas posições estavam os programas-atores. Então o sistema-cósmico foi ligado. E a narrativa da vida (e da morte) começou.