– O que é isso? – Ela perguntou, mesmo sabendo exatamente o que era.
– Uma bússola, oras. – Respondi, entregando-a para ela. – Não se lembra? Quando perguntei o que você precisava, você me respondeu: “uma bússola e um saquinho de jujubas”.
– E cadê as jujubas?
– Não achei. Mas trouxe um saco de balas dadinho.
– Hunf! Dadinho não é tão legal quanto jujuba. – Ela disse, no seu típico tom ranzinza. – Não dá o mesmo barato.
– Bem, mas é melhor do que nada.
– É, talvez…
Um silêncio se fez. Ela olhava para a bússola em sua mão, contemplando-a, pensativa.
– Tome! Não vou precisar mais dela.
– Mas por quê? – Perguntei, já imaginando a resposta.
– Já encontrei o meu norte. Acho que agora ela será muito mais útil para você.
Ela tinha razão. Dava pra ver que ela não era mais aquela garota perdida e sem rumo que eu conheci há seis meses atrás. Mas agora, quem estava perdido era eu.
– Posso seguir com você, então? Talvez o seu norte também seja o meu.
Ela pensou a respeito, por um momento.
– Tudo bem – Respondeu, afinal. – Não tem graça nenhuma em ser a pessoa mais ranzinza do mundo, se não tem ninguém por perto para ouvir você reclamar.