Sobre Webcomics

As webcomics já são uma realidade. Principalmente lá fora. Diversos quadrinistas gringos já estão vivendo, e de forma independente, de suas histórias em quadrinhos publicadas na Internet. É o caso de Dave Kellet da série Sheldon, Brad Guigar de Evil Inc, Kris Straub de Starslip Crisis e Scott Kurtz de PvP. Não por acaso os quatro se reuniram para escreverem um livro onde relatam suas experiências, chamado How To Make Webcomics. As webcomic estão se popularizando tanto que até as grandes editoras começaram a investir, como é o caso da Zudacomics criado pela DC Comics.

Aqui no Brasil, a situação das webcomics é outra e ainda não está tão difundida quanto lá fora. Muito da culpa disso, ao meu ver, são dos próprios quadrinistas brasileiros, pois muitos deles ainda não estão botando muita fé no potencial das webcomics. E por vezes, por um motivo bobo. Percebo que muitos quadrinistas não publicam seus quadrinhos na Internet por considerarem menos “glamuroso” ou com menos prestígio do que publicar numa revista impressa. Mas a verdade é que a mesma coisa, o que importa é produzir e publicar quadrinhos, não importa onde.

E como já escrevi em meu blog, hoje em dia é plenamente possível ganhar dinheiro e viver de quadrinhos online, mesmo no Brasil. Arrisco dizer que a via online pode ser até mais fácil do que a via impressa, tendo em vista a dificuldade que é para distribuir uma revista nesse país. Com as webcomics, você já elimina esse problema. Tanto que estou pensando seriamente em desistir de continuar publicando a revista do Homem-Grilo, se os ganhos com o site do personagem continuarem aumentando. Seguindo o modelo econômico que resolvi adotar pro Homem-Grilo, será muito mais vantajoso apostar apenas nas webcomics. Ainda que hoje em dia os ganhos não sejam o suficiente para eu conseguir viver delas, acredito que se o crescimento continuar nesse ritmo, a médio, ou até mesmo a curto prazo será.

Mas felizmente, a mentalidade dos quadrinistas brasileiros com relação as webcomics está começando a mudar. Alguns, como é o caso de Jean Okada, já estão mostrando serviço e publicando excelentes quadrinhos onlines. Nos últimos post de seu blog, o Paulo Ramos nos mostrou que a produção atual de webcomics tupiniquins está bem grande, ainda mais se comparado com anos anteriores. Como o Hector Lima bem reparou, o Paulo não selecionou o material e foi publicando todo os links que lhe foram enviados, então inconscientemente aplicou a Lei de Sturgeon.

E ai está um dos grandes benefícios das webcomics para os quadrinhos brasileiros. Devido a facilidade de publicar na Internet, teremos com certeza muito mais quadrinhos medíocres do que nas publicações impressas. Mas se essa galera continuar produzindo ininterruptamente, as chances de aparecerem obras que extrapolem os 90% também é bem mais alta. E pela pequena amostra publicada pelo Blog dos Quadrinhos, mesmo as nossas webcomics que ainda estão nos 90% já estão galgando alguns níveis de qualidade acima do mediano.

Há algum tempo atrás, durante um lançamento na livraria HQ Mix, o Paulo Ramos me perguntou qual seria o rumo dos quadrinhos independentes para 2008. Como fui pego de surpresa pela pergunta – e já estava meio alto na hora =) – não soube exatamente o que responder. Mas agora eu já estou pronto para respondê-la, pois o próprio Paulo, sem querer, ou não, já meio que respondeu a sua própria pergunta quando montou aquela lista de webcomics em seu blog.

Em 2007, com a formação oficial do Quarto Mundo, conseguimos mostrar que a publicação independente é uma das melhores saídas para termos grande quantidade de produção e assim podermos criar um mercado de quadrinhos. Agora em 2008 o rumo é mostrar que a via impressa não é a única para os quadrinistas independentes, pois publicar online pode ser tão, ou até mesmo mais viável. Esqueça essa baboseira de que publicar numa revista impressa dá mais prestígio ou coisa que o valha. Isso é um pensamento retrógrado. Como professor de História no ensino fundamental e médio, e observando atentamente o comportamento dos meus alunos, posso afirma com convicção que a molecada de hoje em dia não faz a mínima diferença se os quadrinhos que eles estão lendo está na tela do computador, no pequeno visor de um celular, ou no papel. Ou seja, se o meio onde os quadrinhos estão sendo publicado não importa para o seu leitor, deve muito menos importar para você.

Mas os mais importante de tudo, independente do meio de publicação, é termos uma quantidade grande de produção. Não estamos nem perto ainda de ter produção suficiente para formarmos um mercado de quadrinhos nacional. Precisamos de mais. MUITO mais. Então cambada, todo mundo de volta a seus cadernos de rascunhos e vamos produzir. =)

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Por Cadu Simões

Alguém em busca da questão fundamental sobre a vida, o universo e tudo mais.

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